INVERNO E FRIO – O frio estimula a propriedade física de vasoconstrição (controlada pelo hipotálamo), que é o processo pelo qual os músculos lisos das paredes dos vasos sanguíneos se contraem. A vasoconstrição acontece no inverno para manutenção e regulação da temperatura corporal, evitando que o corpo perca calor para o meio exterior e isso faz com que no inverno aumentem os índices de doenças cardiovasculares. É bom ficar atento!
Em situações extremas, os capilares chegam a congelar. Se o idoso relatar que uma parte do corpo está formigando ou queimando é importante aquecê-lo imediatamente. Idosos com doenças como diabetes, doença vascular periférica e doenças autoimunes, como Raynaud e Fibromialgia, têm maior chance de sofrer complicações.

Quando pensar em Hipotermia? Considera-se que a hipotermia está instalada, quando a temperatura corporal for menor que 35 °C. MEÇA a temperatura do idoso.

E o idoso com tremor? Melhor tremendo que sem tremer. O tremor ajuda a aquecer. O frio promove aumento da frequência cardíaca e respiratória e a elevação do consumo de oxigênio. Por isso que quando a temperatura corporal cai, podem ocorrer arritmia cardíaca, piora de função renal e alterações de coagulação, especialmente em idosos. Os sinais e sintomas do início desse processo são: sensação de frio, alteração de comportamento ou confusão mental e cansaço extremo. Quando a pessoa para de tremer, é sinal de que a hipotermia é grave.  Aqueça! Dê líquidos quentes, não dê álcool, se possível leve à emergência.

O QUE SÃO AVDS? São tarefas básicas de autocuidado, que todos nós realizamos. Relacionam-se a funcionalidade e independência. Seu desempenho são indicadores para qualidade de vida dos idosos e de satisfação com sua vida. Quem desempenha bem é mais satisfeito e vice-versa.

A primeira dica é uma orientação que dou a todos os familiares e cuidadores de idosos, independente do diagnóstico: deixem que o idoso realize o máximo que conseguir das suas atividades sozinho, desde que em segurança. Se necessário supervisione, oriente com dicas, mas não faça por ele. Respeite o tempo do idoso, ajude no planejamento e organização, o que facilita a execução.

Dicas para enfrentar o inverno e melhorar as principais AVDs

1) Vestir-se. Estar agasalhado é o primeiro passo para passar bem pelo inverno! Estimule o uso de meias, tocas, luvas e cachecol. Ponchos, cobertores e roupões também são bem vindos.  A maior incidência de “lesão pelo frio” é nas extremidades: nariz, orelhas, dedos dos pés e das mãos. Antes de usar deixe as roupas no sol para evitar alergias.

2) Ir ao banheiro, tomar banho e higiene pessoal. A temperatura da água quando passamos por climas mais frios, como no inverno, deve ser próxima de  37ºC. Meça, sinta, use o termômetro. Isso vale para a água do banho, para escovar os dentes, fazer barba e lavar as mãos. Se não tiver água aquecida, vale esquentar no fogão ou micro-ondas. Outra dica importante é aquecer o banheiro antes. Por favor, não usar latinha com álcool é muito perigoso. Invista em aquecedores, hoje em dia são mais baratos.
Cuidado com o vapor do chuveiro. Ele aumenta o risco de quedas. Sempre invista em BARRAS, antiderrapantes e, se necessário, numa cadeira de banho. O número de morte por quedas são a terceira causa de mortalidade entre pessoas com mais de 65 anos.

No inverno- tomar banho no horário mais quente do dia, perto de meio dia.

Minha dica: dentro do nível de função do paciente deixe ele se ensaboar e enxaguar. Se precisar ajude, mas não faça por ele.

OBS: a pele do idoso é diferente, é mais sensível. Mantenha-a hidratada mesmo no inverno. Opção: hidratantes de chuveiro

3) Alimentação – preferir alimentos mais quentes, sopas, caldos. Cuidar com o excesso de gordura. Dependendo do nível cognitivo do idoso, teste a temperatura do alimento antes de oferecer, “O Ministério da Saúde sempre recomendou aos idosos ingerir alimentos com fibras para evitar constipação. No entanto, é necessário ingerir água também.

A hidratação é super importante nessa época de frio. Pessoas com mais de 60 anos sofrem uma diminuição do número e da sensibilidade de receptores corporais que controlam a sede. A água deve ser consumida ao longo de todo o dia para que o organismo funcione corretamente. Nos idosos, a desidratação pode gerar um maior risco de quedas, infecções no trato urinário, distúrbios broncopulmonares, constipação e disfunção cognitiva.
Minha dica = coloque1l de água numa garrafa e controle o consumo ao longo do dia. Meus pacientes ganham uma garrafa, como forma de incentivo. Evite copos grandes e cheios. Prefira copos pequenos e com pouca quantidade, várias vezes ao dia. Se o idoso apresentar dificuldade movimento: consulte um TO
No inverno sugere-se consumir leite morno e chás: melissa, camomila, capim limão – na dúvida consulte um nutricionista

4) Locomoção e transferência. Cuidar com roupas muito grandes, ou com o uso de muitas roupas porque isso pode diminuir a sensibilidade e propriocepção do idoso, o que favocere as quedas. Cuide com os calçados * nem muito grandes nem muito pequenos, com solado antiderrapante. Não deixar o idoso só de meias, cuidar com os chinelinhos de pano, cuidar com cachecol apertado. Para evitar quedas manter o ambiente sem objetos soltos. Retirar tapetes e obstáculos, manter o ambiente iluminado, investir em sensores e luzes de acionamento automático.

5) Dormir. Utilizar uma bolsa de água quentes, ou de sementes ou garrafa pet enrolada em toalha. Ao acordar, se movimentar na cama mesmo, antes de levantar. Isso minimiza rigidez de quem tem artrose, Parkinson, etc.

Dicas gerais:

Cuidar com aquecedores e lareiras, pois ressecam as vias aéreas e provocam tosse
O idoso não pode, de forma alguma, passar seus dias só vendo TV. Deve se manter ativo.
Estimule 30min por dia de banho de sol. No inverno, cuide com o vento
Ao verificar idosos em situação de rua acione o resgate de onde você mora. Em Curitiba o número é 156
Via de regra = quanto mais o idoso executar de forma autônoma suas AVDS + vai se movimentar e + vai se manter aquecido – não esqueça de oferecer supervisão e segurança
Cuidar com ambientes sem ventilação, pois aumenta o risco de contaminação de doenças transmissíveis pelo ar = gripes, meningites

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